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sábado, julho 10, 2010

Spam "politiqueiro"

Com o fim da copa se aproximando, finalmente o povo se deu conta que enfrentamos eleições ainda este ano. É um pouco tarde para pensar nisso, acredito eu, já que são decisões que influenciam nossa vida em uma escala muito maior do que "vai dar Holanda ou Espanha?". Porém, como sempre no nosso país, os assuntos sérios só serão tratados depois da diversão. E antes que comecem as panfletagens e os discursos mal elaborados, os responsáveis pela fiscalização de propagandas eleitorais já vão logo avisando: podemos esperar muito spam daqui pra frente.
Não que seja permitido por lei o uso indiscrimidado destes novos meios de comunicação, mas a internet e os celulares são o alvo de destaque para políticos que pretendem expandir suas campanhas para e-mails e mensagens SMS. Algo que preocupa, pois é a invasão de nossa privacidade de que estou me referindo. Quem disse que eu quero receber propagandas pela internet? Ou pior, receber mensagens de texto com números de candidatos? Não quero! E isso impedirá que eu abra meu ceular um dia e me depare com algo o do tipo: "Vote em João Sem Graça, 12345 para deputado estadual". A Justiça abriu fogo contra o lixo eleitoral, politicos sérios que almejam cargos mais importantes como o de presidente, governadores e senadores provavelmente evitarão tal exposição. Entretanto são os milhares de "Zé ninguém" que concorrem a deputados que me preocupam. Afinal, não têm muito a perder né?! E convenhamos, um e-mail sai muito mais barato do que um milheiro de panfletos.
Um coisa é certa, eu não passei meus endereços eletrônicos pra nenhum candidato e certamente acharia uma afronta receber esse tipo de mensagem, só pra encher a caixa eletrônica e posteriormente a lixeira. Espero sinceramente que o bom senso entre em vigor antes que os políticos comecem a se entusiasmar demais com o fato de poder enviar mensagens "a torto e a direito" para os prováveis eleitores. E com certeza, eu não votaria em um demente que se propõe a me encher de spams repetindo a mesma mensagem porque foi incapaz de bolar outra estratégia de campanha.
Mas não é só a campanha virtual que está sendo vigiada e eu acho bom mesmo que aquela história de encher as ruas de lixo comece a pesar um pouco na consciência de alguns. Outdoors e placas em postes já foram proibidos e ainda os cavaletes que ostentarão cartazes nas ruas tem horários específicos para serem colocados e retirados. Chega dessa poluição visual e do estardalhaço que causam as propagandas. Se não podemos limpar do senado e da câmara os sujos, que pelo menos nossas ruas e computadores estejam livres desse mal desnecessário.

quinta-feira, julho 01, 2010

Vidas secas

Andar pela rua sempre me surpreendeu. Eu nunca sei o que vou encontrar em qualquer caminho que eu ande, mas tenho certeza de que algo chamará minha atenção. Hoje não foi diferente.
Às 7:00 horas da manhã, mais ou menos, eu fazia o caminho rotineiro para o cursinho quando algo (ou melhor, alguém) fez com que eu parasse um pouco para refletir. A pessoa em questão era um indigente, deitado em algumas caixas de papelão abertas, sob a marquise de um loja. Ele possuia apenas alguns panos enrolados no tronco e outros sob sua cabeça enquanto dormia. No exato momento a primeira coisa que pensei foi: "Obrigado Senhor pela minha cama quentinha". O fato é que as 7:00 horas estava frio, a rua estava úmida e com certeza não era o melhor lugar para passar a noite.
Eu sei, essa cena poderia ser considerada usual. Alguém pode até dizer que em qualquer cidade existem pessoas assim. Que todo mundo já viu um indigente dormindo no chão. Pois eu não, não assim, do meu lado enquanto eu andava apressado pensando que hoje era o pior dia da semana porque eu tinha quatro aulas de matemática.
E a segunda coisa que me veio à mente foi: "Como são fúteis os meu problemas se comparados aos dele". Era ridículo até pensar que eu me estressava por fatos do meu dia-a-dia que seriam mais do que banais para outras pessoas. Foi então que eu percebi meu egocentrismo. Aquela massa obscura de egoísmo e preponderância que nos separa do resto do mundo.
Por que os meus problemas seriam de alguma forma piores do que os de outras pessoas? Ou mais importantes? E mais ainda, falando em ego, por que eu de alguma forma poderia me considerar superior a qualquer outra pessoa que passa por mim na rua? Pra mim a resposta sempre será negativa. Eu não tenho o direito de dizer que meus problemas são piores, ou que sou melhor do que alguém. Esses títulos até podem existir, mas não para mim. Nem para as tantas pessoas que colocam seu umbigo no centro do universo.
Alguns dizem que faz parte da natureza humana pensar apenas em si. Poderia ser algo darwiniano até. Um paradigma evolucionário, pois nos colocamos à frente dos outros pela nossa sobrevivência. Mas aqueles que acreditam nisso ainda não perceberam que nós, homens e mulheres, não vivemos mais nas cavernas. Já tentamos, fracassadamente, construir uma sociedade. E poucos percebem que ela é do jeito que é (marginalizada, machista, preconceituosa, xenofóbica, etc...) porque a maioria dos que vivem nela não conseguiram suprimir seu próprio ego. E esses vivem um vida seca, moribunda, que os torna até mesmo incapazes de desenvolver qualquer sentimento fraterno, tamanho o amor que tem por si mesmos.
É utópico pedir para que comecemos a olhar agora para outra pessoa. Ninguém jamais irá, totalmente, deixar esse egocentrismo de lado. Nós nascemos assim, fomos criados assim e muitos morrerão pensando assim. Engolidos pelo próprio ego, que já não cabia mais em seus corpos. O que eu peço encarecidamente é que nós tentemos viver um dia sem pensar apenas em nossas vidas medíocres. Um dia para perceber que não vivemos sozinhos, isolados. Que existem outras pessoas ao nosso redor com um papel tão importante quanto o nosso a ser desempenhado.
E a última coisa que eu pensei enquanto subia as escadas do cursinho foi: "Faça o bem, sem olhar a quem".

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